MARIO BOTTEON, sempre sorrindo. |
PAI é herança de sabedoria, de personalidade e caráter. É lembrança boa e exemplo pra uma vida toda.
Amanhã vamos comemorar o Dia dos Pais, pais presentes, pais ausentes.........
Meu pai ou melhor, nosso pai está ausente ................ mas nem tanto.
Dia sim, dia não, nos pegamos lembrando de algum episódio, ontem mesmo foi um deles, ao falar com um amigo que falava com tristeza a saudade do seu pai.
MARIO BOTTEON
03/07/1923 - 24/09/2000
03/07/1923 - 24/09/2000
Perdeu o pai muito cedo, filho caçula de 8 irmãos foi muito mimado pelas irmãs. Era o queridinho da "mama".
a "mama" Augusta Dalcin Botteon |
trabalhando desde os 10, aos 15 anos de carteira assinada |
Conta minha tia que teve certeza da paixão do nosso pai pela mamãe quando, ele ao chegar no baile vespertino mamãe dançava com outro. Desmaiou de amor.
Pouco tempo depois, casou com sua princesa.
E todos os meses de todos anos, sempre a surpreendia com um presentinho que podia ser até um punhado de flores que colhia e trazia para ela. E como conversavam, algumas vezes durante horas e riam, riam muito.
Então vou falar um pouquinho do nosso pai MARIO BOTTEON, uma pessoa quase 100% emocional, alma de artista, poeta, escritor, falador, adorava puxar conversa, não importava o lugar.
Se pegava o ônibus, ia conversando, contando causos, e ao final da viagem ganhava mais um amigo.
Confiava demais nas pessoas, a ponto de não conferir o troco para não "constranger pela desconfiança" o caixa. Depois de algumas situações, o problema resolvido: pagamento , só com cartão.
Católico, não era muito de igreja, mas estava sempre em oração, em casa, na rua, fila de bancos, dizia que sempre era hora de um "pai nosso e uma ave maria".
Homem moderno para seu tempo, não se acanhava, tirava o terno, a gravata e ia prá cozinha, e se elogiado o prato, aí repetia, repetia até aprender outra receita, lavar louça um expert e se precisasse até botão pregava.
Finais de semana, passeava de bicicleta com os filhos, empinava pipa, parquinho, piscina. E diariamente, à mesa, sempre boas conversas, todos os assuntos passados, presentes e futuros.
Aprendeu e ensinou que a vida vivida com pequenas gentilezas era melhor de ser vivida.
E deixou muitas lembranças, sentimos sim saudade, uma saudade boa, de momentos bons outros nem tanto, mas sempre muito amorosos e vividos juntos.
MÁRIO BOTTEON, vivenciou todas as emoções, casou com a princesa, atuou, escreveu, teve filhos, neto, perdeu filho, plantou árvores, muitos amigos, muitas conversas, chorou e riu muito.
Estiloso |
(à direta) atuando em Criada Impagável (1952) |
Anúncio, um entre muitas apresentações |
Discursando, um dos muitos 28 de julho, aniversario de São Caetano do Sul |
* sempre que andando pela cidade constatava alguma irregularidade tinha a liberdade de escrever bilhetinhos que deixava com as secretarias dos prefeitos, e eram prontamente atendidos.
MARIO BOTTEON não era perfeito, tinha defeitos, claro, turrão, outras vezes teimoso mas só até a página 2, logo abrandava, e voltava a sorrir.
Corintiano mas não fanático começou no esporte integrando o time Juvenil Palmeirinha (1943) mas a arte falou mais alto.
Mario Botteon, da direita para a esquerda, o primeiro, agachado. |
Adorava ler, eram centenas de livros, e todo mês, tínhamos, no mínimo dois para ler, autores, todos.
Participou como um dos idealizadores e primeiros conselheiros da Fundação de Artes de São Caetano e era entusiasta do Museu Histórico desde seu início e contribuiu com muitas peças.
Uma delas, ele até queria, mas a família disse não, o livro de orações que o avô Francesco Botteon trouxe de Vittorio Veneto. O resto, doou tudo.
Adorava conhecer histórias de vida e as reproduzia nos jornais da cidade. Algumas hilárias outras comoventes.
Não tinha vergonha de expor suas emoções, carinhoso, com a esposa, os filhos, amigos e sempre atencioso até com aqueles que divergiam de seus pensamentos. Um gentleman.
Percebi que não disse "eu amo meu pai", seria muito fácil, mas é díficil expressar o tanto que é gostar, admirar, respeitar, sentir saudade, mas também a gratidão da presença mesmo na ausência.
Que bom, tivemos sorte de ter MARIO BOTTEON esposo, pai, avô, amigo e conselheiro, que deixava os filhos livres para suas escolhas, confiante que de que fez o melhor e com certeza, fez.
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